segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

"Em Nome de Deus!": Analisando o radicalismo de alguns evangélicos contra subculturas alternativas no Brasil e nos Estados Unidos


Hoje me vi conversando sobre o extremismo de algumas denominações evangélicas contrários a góticos, Vamps e tantos outros - sim eles nos antagonizam e se opõem a aquilo que nossas vestes, discursos e valores individuais sustentam perante a sociedade - quando nos tomam enquanto um coletivo ou inimigo a ser confrontado. Por outro, lado nós (das subculturas) também nos opomos as vestes, discursos e valores extremados que eles impõem perante o resto do mundo - e repudiamos sua hostilidade para conosco.
Vamos aos fatos: culturalmente estamos em regiões opostas deste embate pelos valores de liberdade  e autonomia que defendemos acima de tudo nas Subculturas que integramos e em nossas vidas pessoais; também não encarnamos, não compactuamos e sequer somos os demônios que eles atribuem as nossas pessoas e que prometem "curar" ou "exorcizarem" (ao menos na Subcultura Vamp não precisamos demonizar ou culpar terceiros por aquilo que nos pertence doravante nossas próprias escolhas e suas consequências); também não realizamos campanhas para batermos de porta em porta no dia de descanso alheio clamando para que a pessoa se converta ao que acreditamos.Mas vivemos na cultura ocidental.Viva o mundo livre e as possibilidades do capitalismo! Enquanto um não invadir o espaço e a liberdade do outro, tudo bem!
Mas as invasões acontecem na esfera social e diversas vezes nos vemos em alguns embates verbais sobre as consequências e ações resultantes disso. Há alguns anos já toquei neste assunto neste mesmo blog. E até mesmo na semana anterior expressei minha opinião perante um outro flagrante de precoceito religioso, desta vez católico lá em Rubim/MG Mas e quando a contenda e o embate é debaixo do mesmo teto?ou ainda na mesma família, como fica a situação? Ao longo deste artigo focalizaremos este assunto - enfocando as ações de indivíduos que optam pelas denominações religiosoas evangélicas mas com uma postura pessoal extremista e radical que acaba por se tornar o responsável pela própria queda. Não se trata de uma generalização de nenhum tipo ou gênero a qualquer congregação de qualquer tipo - e sim exclusivamente a tal postura de radicalismo e extremismo - sabemos que tal padrão se manifesta em outras trilhas e caminhos religiosos sendo igualmente danoso. Então, encare este artigo como um chamado ao diálogo, ao amor e a união - abdicando de extremismos de todo os tipos em nomes de dogmas e engessamentos vazios...

A julgar pelo que vejo chegando dos EUA no âmbito de livros-depoimentos de caras que são ex-bruxos, ex-wiccanianos, ex-roqueiros, ex-vampiros, ex-maçons e tudo mais - bem como "memes" deploráveis que incitam ódio e preconceito aos não convertidos as suas instituições - principalmente a integrantes de subculturas alternativas ou ainda a outros destacamentos da cultura adolescente é de se ficar bastante preocupado.Até aí nenhuma novidade, nos EUA as coisas são um pouco piores do que no Brasil neste contexto. Por aqui temos uma expressiva quantidade de Góticos e Góticas evangélicos (!) de todos os tipos - desde uma pastora radical que até tenta organizar um movimento de catequização do gênero, a outros que se infiltram para mínarem e formarem séquitos de seguidores (tipo uma missão de resgate) e até os tipos mais interessantes de  alguns góticos e góticas com ideais altruístas belos e tocantes sobre a importância do amor e da fraternidade - muito mais elaborados do que o de alguns pastores de grandes igrejas brasileiras. Bandas como Saviour Machine sempre foram bastante interessantes neste contexto, assim como os brasileiros da banda "Catedral", com o seu pos-punk meio "Legião Urbana" com letras bastante inteligentes e a frente do seu tempo - ambos evangélicos confessos e com algo bacana a ser dito, além de qualquer intransigência ou "converssionismo" forçado.  Nunca tive problema com artistas e suas criações mais elaboradas e até ouvi bastante as bandas citadas nas décadas anteriores. E de boa, o que detesto em qualquer pessoa é a superficialidade e a ausência da possibilidade de um bom diálogo independente da vertente religiosa, política ou social da mesma.



Como não percebo nenhum movimento de "mea culpa"do lado dos extremistas, prefiro observar o que acontece com os mais jovens em suas dissidências. Até mesmo por conta da sua proximidade com minha área de ação e as idéias que eles e elas formulam a respeito do que acontece perante seus olhares e vidas.Vivemos um momento onde a cada instante brotam centenas de "líderes religiosos" em diversas portas de garagem sem qualquer formação ou treinamento espiritual capaz de humaniza-lo e desperta-lo para a riqueza e o capital simbólico do ocidente e do oriente. Bem como para um mínimo senso de deslumbramento e "poésis". O que dá a entender claramente que a maior parte dos mesmos apenas está "bricolando culturalmente" (processo cultural empobrecido e nojento) aquilo que vê e escuta na televisão com aquilo que carrega na própria cabeça - e se o sujeito for radical isso vai ser problemático, pois ele verá seu deus como um reflexo e semelhança da sua imagem, pronto a autorizar e validar toda sua violência. Acredito sim que existam os que tem alguma fé, dotados de alguma humanidade e até sejam aptos para realizarem alguns milagres. Oras, se acredito em xamanismo, seria indelicado generalizar a todos como picaretas ou "vendilhões do templo". Acredito sim, que existem pessoas que através da imposição das mãos e de orações (não importa como rezam e sim a fé que possuem e que são capazes de feitos extraordinários) até mesmo o Reiki e a Cura Prânica estão por aí para ao menos oferecerem um questionamento interessante de resultados extraordinários (mesmo que pouco comuns aos olhos do grande público).

No entanto, as crianças e os jovens vêem na sua frente pessoas se descobrindo "pastores" do nada, eleitos por nada mais do que seus próprios surtos e muletas de ego e como não fica a cabeça deles, quando percebem toda lorota em alguns desses casos? A vivência e o fato de conversar com muita gente ao longo das últimas duas décadas me comprovaram que em algum tempo tornam-se descrentes ou mesmo "ateus". Claro  que ateísmo é algo bem mais complexo e que não basta apenas dizer que é para se tornar e demanda compreensão e estudo apropriado. Mas o cerne do que falamos é: Como o "Deus" que crescí ouvindo falar poderia permitir tal afronta e de tal forma? Já sei ele não existe! Sou ateu, ateu, ateu, ateu e ateu! Experimenta castrar a liberdade e o direito de livre pensar de alguém, para ver no que vai dar! O ato seguinte (parte afetiva é sempre algo complicado) é buscar refúgio ou espaço próprio para se desenvolver ao lado daquilo que antagoniza o costume dos perseguidores - os personagens "darks" da cultura pop e mesmo no rock - e muitas vezes vêm para a "Subcultura Gótica" ou para a "Subcultura Vamp" porque são atraídos pelo clima de clandestinidade aceitável e se afinam com aquele charme "Dark" de opositor, questionador, apontador e afrontador representa a sua verdade - o cara estiloso ao lado que invariavelmente questiona a tudo e a todos e que pode ser do jeito que quiser porque banca a sí e suas idéias. Claro que os jovens nestes casos podem procurar seus "refúgios" em outros ambientes também e não é apenas isso que torna alguém integrante ou simpatizante destas subculturas que conversamos neste artigo.Como repito inúmeras vezes, os mais aptos e habilidosos farão deste ambiente uma mina de ouro dada a riqueza cultural e de valores presentes aqui neste contexto - já os menos habilidosos tombarão como o fariam em qualquer outra escolha - até mesmo na igreja.Sinto muito, lei da vida.

Subculturas alternativas integram valores que inspiram a sensação do "lugar-seguro" para cada um desenvolver aquilo que sente e que vê como a sua visão do mundo - junto de pessoas afins. No caso da Subcultura Gótica e da Subcultura Vamp elas trazem uma evidente expressão de ambiguidade, liberdade de pensamento, padrão diletante, visuais inspirados em outras culturas, aceitação do imaginário, doses maciças de questionamento filosófico, alguns tons de avant-garde, liberdade de opção sexual e afins - retratadas nos visuais e posturas de incontáveis ícones da música, do cinema, dos pensadores e nas artes. Aos olhos dos mais radicais, tudo isso representa o estereótipo cultural e social dos seus diabos, demônios e do próprio inferno na terra.Só que em frente ao espelho toda a construção dos extremistas e sua homogenidade e atos violentos, bem como as promessas de punição e castração de um Deus (ou pastor) rancoroso se assemelhe muito mais ao próprio inferno do que aquilo que vivemos. Eu gosto de pensar que os aspectos mais "terrificantes" tanto da subcultura gótica quanto da subcultura vamp - sejam como aqueles totens em regiões proibidas, uma gárgula em frente a catedral ou a carranca em frente aos barcos do São Francisco para afugentarem os maus-espíritos - e aqueles que condenam ou não tem afinidade com aquilo que vivemos. Por outro lado as posturas extremistas e suas exigências "que deus te livre disso", "sangue de jezuis tem poder" e "você tem que sair disso, lá na igreja exorcizamos todo dia coisas erradas como você..." é uma forma de violência constante, significativa e gritante - um atestado da mediocridade de quem precisa conduzir tal comportamento - claro que acaba virando uma contenda de "trollagens" no final das contas de ambos os lados. Particularmente não contesto aqui a fé ou a espiritualidade de nenhum dos lados.Apenas enfatizo o que os exageros, generalizações e comportamentos artificiais podem causar as pessoas dos dois lados, principalmente quando integram a mesma familia ou moram sob o mesmo teto.

E o que acontece quando um indivíduo assume características antagônicas ao meio social que anteriormente pertencia ao menos por se vestir e supormos que ele ou ela pensavam igual a todos os outros? Por que será que ele ou ela escolheram abandonar ou até se opor a tudo aquilo de alguma forma? Posso assegurar que o demônio ou o diabo no inferno que estiverem, pouco ou nada se importam e sequer tem parte nisso - estão muito muito distantes e ocupados com ocorrências cósmicas maiores. Em vão os extremistas gritam e fazem barulho cada vez mais alto para não ouvirem a si e encararem que a responsabilidade daquilo que escolhem fazer de bom ou de mal reside nas escolhas que fazem em detrimento de outras; temos a certeza de que haverão mais confrontos utilizando-se de tal conduta. E se é um embate, por tradição, os dois lados da contenda vão se apegar a aquilo que lhes dará mais força e utilizarão indiscriminadamente todos recursos a sua mão para triunfarem sob aquilo que lhes antagoniza. Até mesmo o desprezo ou o se colocar alheio a tudo isso, como estratégia de sobrevivência. O que em muitos casos leva ao radicalismo, este leva a encobrir aquilo que alguém sente emocionalmente e isto leva a presunção e a muita dor para os dois lados da contenda.Dores e rupturas familiares que podem ser evitadas e contornadas. Havendo um desejo sincero de respeito e de integração nos dois lados da história é possível levar as coisas por caminhos mais amenos e integrativos. 



Há um padrão estúpido operante no Brasil de NÃO se aproximar de forma amigável ou com interesse sobre aquilo que lhe é diferente e de interpretar tal fato na esfera da maldição e não exatamente como uma lição a ser aprendida. Aquilo que acontece é uma consequência de algo.Do que?De quem? De qual escolha errada? Como limpar tal mácula? É muito fácil etiquetar alguém como maldito e representante ou sob influência daquilo que antagoniza os valores de um extremista.No entanto, do lado dos evangélicos mais extremistas com todas as suas gritarias, espancamentos rituais e "exorcismos" conduzidos com baderna e falta de fundamentação - vale lembrar que todo este show de horrores foram assistidos pelos mais jovens que os questionam neste momento com a escolha de integrarem uma subcultura. Também confrontam todos os anos dos discursos "faça o que digo e não o que faço" que assistiram durante toda a sua vida. Os jovens de alguma forma sabem quem está alí a frente deles e aquilo que fizeram. Negar isso é negar sua inteligência, percepção e bom-senso.Não vai ser varrendo para debaixo do tapete com uma "conversão" que você vai resolver uma ou duas décadas de convivência.Eles baseiam sua observação naquilo que vivenciaram e não tanto naquilo que idealizaram sobre o que aconteceu. E se escolhem expressar sua oposição com trajes deviantes, músicas lúgubres ou aterradoras para quem desconhece sua temática e outras formas mais agressivas culturalmente ao menos mereciam serem ouvidos, não tanto pelo desapontamento ou decepção que sofreram - e sim em nome da inteligência e capacidade de questionarem e de um desejo sincero de reparação e de mudança de rumos na relação.Claro que do lado dos mais jovens muitos talvez não saibam ordenarem os pensamentos e o levarem para uma conversa mais estruturada nestas situações. A coisa pode despencar mais pro lado afetivo mesmo. Ainda assim é uma conversa indiscutivelmente necessária.A sacralidade de uma familia não devia ficar a mercê de um terceiro poder tomar suas decisões e inferir o que é certo e o que é errado.Neste ponto, maus pastores tem muito a responderem ainda um dia perante seu criador.A compreensão e o amor independente de crenças de qualquer tipo deveriam pontuar e regerem tais conversas, quem está alí veio de vocês e será vocês e aquilo que viveu com vocês que carregará ao construir sua própria familia mais adiante se escolher tal caminho.Acessórios, vestes e trajes não falam nada sobre a índole e o caráter de alguém. Os maiores bandidos do nosso Brasil vestem gravatas.Claro que não são apenas tais fatos que levam alguém a integrarem uma "Subcultura Gótica" ou uma "Subcultura Vamp", mas tais episódios sempre são temas recorrentes .

O artigo assumiu um tom mais pesado do que eu pretendia - mas seria injusto não cobrar tal "mea culpa" de quem acaba sendo o responsável pelas piores violências que podem acontecer numa família.E eu penso que a família é uma instituição sagrada que deveria estar além do ordinário e de querer amputar a própria singularidade e expontaniedade em prol de se encaixar em modelos dogmáticos e engessados. Culpar a produção cultural das Subculturas Alternativas tais como a Gótica ou a Vampyrica - é a mesma coisa que culpar uma colher por engordar alguém e exigir o banimento de todas as colheres do nosso país por conta disso.Vale a pena ir confrontar os radicalistas nos seus espaços físicos ou digitais? Não vale a pena.Pois isto apenas seria usado midiaticamente contra todos nós das subculturas.Não adianta se discutir com não-afins pois eles não irão ver a beleza do que decidirmos compartilhar, não adianta se ensinar quem não quer aprender. E eles lucram financeiramente com tudo isso, pois alimentam a fogueira de intolerância dos seus grupos e simpatizantes com tudo isto. E a julgar os versículos utilizados em suas publicações - eles tem consciência de tudo aquil que fazem e publicam - e citam apenas aquilo que lhes convêm da bíblia para se interpretado a sua própria imagem e direcionamento que empregam. Esta é a lição meus jovens.Não percam tempo - ou então mergulhem no estudo bíblico para darem uma lição que eles já sabem e simplesmente irão desprezar e ignorar ou ainda tentarem lhe converter.Acho tudo isso uma perda de energia. Até mesmo por isso preferí escrever uma artigo apelando para o bom senso dos leitores e leitoras frente estes radicais e extremistas.

Claro que alguns irão argumentar sobre a presença óbvia declarada e constante de simbologia associada ao paganismo e o ocultismo em ambos os segmentos tanto na Subcultura Gótica quanto na Subcultura Vamp - e como tudo isso abre as portas para o demônio prosaico vir ao mundo e tal. Em retribuição eu pensei em citar as partes mais violentas do "Velho Testamento" onde retratavam um Deus que adorava o derramamento de sangue de recém-nascidos e estupros pelo seu povo escolhido.Também poderiamos citar os versículos ou capítulos completos de onde eles extraem suas leis contra aquilo que repudiam e exigir deles o cumprimento de todas as outras leis que constarem lá - e ainda assim não adiantaria de nada.

Também poderia citar a própria história da humanidade, onde veremos que os derramamentos de sangue em nome de Deus continuam numericamente superiores aos realizados em nome do seu rival - de todos os lados dos monoteísmo. Poderia dizer que: tudo isso é apenas de brincadeira ou o infame é só uma bricolagem cultural re-significada de simbolismo pragmatizado de um artista de uma cultural alternativa ao padrão reificante..." que qualquer um iria rir e fazer alguma piada realmente merecida com este padrão estúpido de se inventar um jogo de palavras sem qualquer sentido, para tapar o sol com a peneira. Na "Subcultura Vamp" paulistana há inclusive muitas piadas que comparam tais discursos com a história infantil das Roupas Novas do Imperador - onde aum espertalhão vende para o tal imperador uma roupa invisível que nunca existiu e que apenas pessoas inteligentes ou que vestissem tal roupa a poderiam enxergar - ou seja um espertalhão enganando um tolo, dizendo exatamente o que ele queria ouvir e em seguida o cara e outros andavam "nús" pensando que eram inteligentes e apenas iguais enxergariam suas roupas, enquanto todos caíam na chacota para com os tais. Tal situação não era muito diferente das falas do personagem Reginaldo da novela "De Corpo e Alma" na década de noventa levando vassouradas da mãe junto com os amigos no quarto e sendo expulsos e expostos pela falta de argumento comprovável e por apenas tentarem pagar de "sofisticados" em alguns clubes que só a propina do pseudo produtores o impedem de serem fechados pelas infraestruturas lamentáveis...

Enfim, todo este conteúdo está alí e como disse antes há quem transforme isso em ouro, em arte de verdade e em algo capaz de elevar os espíritos - e há quem não consiga; o que não é nem um pouco diferente de um bom pastor realmente inspirado interpretando os versículos da Bíblia como algo que enobrece e engrandece o espírito além de recalque, melindre e sede de violência, do que os discursos de cafajestes que sujam a reputação dos bons pastores.



Mas de tudo isso que escrevi no parágrafo anterior, vou preferir ficar no campo do cara-a-cara, do olho no olho pois é o que eu digo, o que eu vivo e aquilo que eu com orgulho e audácia frente aos meus questionadores: Perante um mito alguns de seus contadores de histórias e poetas inspirados o transformam em ouro! Se tudo que alguém consegue com um belo livro como a Bíblia em mãos é o transformar numa justificativa capital de todo seu recalque, intolerância, superficialidade e ódio a diversidade e a alteridade esta pessoa não é verdadeiramente coisa alguma - apenas um pobre diabo que em vão insiste que sua maldade jaz em terceiros e não apenas nele próprio.Talvez até mesmo por conta disso, viva sendo capaz de exorcizar em terceiros diabos que nunca estiveram lá.Pois estão apenas nele mesmo que em vão os busca nos terceiros. E é apenas isso.Não gostou? Faça seu sinal da cruz perante minha pessoa, se eu não desaparecer em uma nuvem de enxofre como não desaparecí quando 18 pastores me cercaram perante minha própria casa - só resta a Feliciano, Bolsonaro e outros canalhas me encararem na arena pública da mídia ao vivo quando a hora for chegada!

Mas de volta aos números - dizem que são eles que ganham as guerras - a maior parte de góticos e góticas que alegam serem evangélicos atualmente são um reflexo do que acontece com a maior parte deste mesmo povo: que em sua maioria jamais leu a própria Bíblia que alguns até carregam debaixo de braço como adorno. E esta "superficialidade" é e sempre será o calcanhar de Aquiles (ou o corte do cabelo de Sansão) de todos eles. Justamente por saberem disso os líderes religiosos mais extremistas destas denominações investem num exagerado marketing para a demonstração de um poder e até mesmo de atos de vandalismo para com os seus oponentes - e mesmo assim continuam na mesma situação - é mais papo do que poder real no final das contas. E apenas para desferir mais um golpe neste embate (e marcar os meus pontos no placar dos Vamps e dos Goth) : o tal poder que a bancada política evangélica supõem deter apenas serve para ser usado como manobra política do péssimo governo que nos rege para desviar a atenção de assuntos mais calamitosos e urgentes. É só nomear um destes cretinos como Feliciano, Bolsonaro e tantos outros como presidente da comissão de direitos humanos que todo estardalhaço midiático desvia o foco de qualquer outro assunto mais contundente. No final das contas as atrocidades que os tais propõem alí, acabam vetadas no congresso e por aí vai. Isso não isenta e nem invalida os movimentos populares de erguerem faixas e protestarem contra as sandices destes cretinos quando ocupam tais cargos.

Um colega e frequentador dos meus eventos, o Drako Wolffrick levantou uma questão divertida "vamos mostrar que não nos importamos com o que os evangélicos extremistas e os "amigos imaginários" deles dizem sobre aquilo que somos!" Naturalmente e como era de se esperar(deve ser por essas e outras que vocês leem meus escritos) eu elevei esta brilhante idéia a um grau "Vamp" ainda mais incisivo e perturbador: "Vamos mostrar que os amigos imaginários deles são os mesmos que os nossos - tanto o cristianismo quanto o paganismo romano (ainda que velado) são os pilares que sustentam a civilização e a cultura ocidental - mas a diferença é que nós escutamos os nossos "amigos imaginários" (oras Anjos, Daemons, Guias, Deuses, Deusas, Arquétipos e afins são pontos indiscutíveis no imaginário ocidental - Até Sócrates e Platão ouviam seus  próprios Daemons ao filosofarem - e justamente por darmos ouvidos a tudo isso, não os fazemos de espelhos das nossas próprias maledicências, intolerâncias, apatias, transgressões, conformismos, apatias e superficialidades - o que nos torna mais íntegros e mais elaborados do que aqueles que nos criticam e nos atacam em todos os aspectos!
Certa vez lí que Deus é Amor e justamente por isso vem a Amar, sustentar a todos e a não julgar a sua criação - pois todos tem lugar e importância no seus plano - vestindo-se como quiserem se vestir. Então não me importa muito se você o chama de Jeová, Javé, Phanes, Bhrama, Le Bon Dieu, Pai ou Criador - Ele não é um reflexo da sua imagem e semelhança - e lá no fundo todo mundo sabe disso, por mais barulho dogmático que os extremistas tentem fazer para não escutarem ou sentirem esta fato perturbador. Ao mesmo tempo, sinto uma evidente certeza de que nossa consciência certamente foi elaborada para ser um reflexo do inatingível, do inefável, da vastidão, da imensidão e do infinito a julgar por tudo aquilo que a espécie humana desenvolveu nestes últimos 10.000 anos - então gosto de pensar que Deus e sua imagem e semelhança residam neste ponto para assim nos lançarmos aos mistérios maiores - então com tais incontáveis bençãos se alguém prefere envenenar a consciência com temporalidades, ódio, enfocar apenas a maldição e a perseguição, geração de crimes de ódio e de intolerância e demais coisas limitantes, circunstanciais e afins - ignorando toda e qualquer lição advinda disso tudo - apenas posso concluir o quão distante tais pessoas estão "D´Ele" e principalmente o quão distante eu vou preferir estar destas pessoas! Despeço-me com as imortais palavras de Fernando Pessoa:

A Ordem de Cristo não tem graus, templo, rito, insígnia ou passe. Não precisa reunir, e os seus cavaleiros, para assim lhes chamar, conhecem-se sem saber uns dos outros, falam-se sem o que propriamente se chama linguagem. Quando se é escudeiro dela não se está ainda nela; quando se é mestre dela já se lhe não pertence. Nestas palavras obscuras se conta quanto basta para quem, que o queira ou saiba, entenda o que é a Ordem de Cristo — a mais sublime de todas do mundo.

Não se entra para a Ordem de Cristo por nenhuma iniciação, ou, pelo menos, por nenhuma iniciação que possa ser descrita em palavras. Nãos se entra para ela por querer ou por ser chamado; nisto ela se conforma com a fórmula dos mestres: «Quando o discípulo está pronto, o Mestre está pronto também.» E é na palavra «pronto» que está o sentido vário, conforme as ordens e as regras.

Fiel à sua obediência — se assim se pode chamar onde não há obedecer — à Fraternidade de quem é filha e mãe, há nela a perfeita regra de Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Os seus cavaleiros—chamemos-lhes sempre assim — não dependem de ninguém, não obedecem a ninguém, não precisam de ninguém, nem da Fraternidade de que dependem, a quem obedecem e de que precisam. Os seus cavaleiros são entre si perfeitamente iguais naquilo que os torna cavaleiros; acabou entre eles toda a diferença que há em todas as coisas do mundo. Os seus cavaleiros são ligados uns aos outros pelo simples laço de serem tais, e assim são irmãos, não sócios nem associados. São irmãos, digamos assim, porque nasceram tais. Na ordem de Cristo não há juramento nem obrigação.


Ela, sendo assim tão semelhante à Fraternidade em que respira, porque, segundo a Regra, «o que está em baixo é como o que está em cima», não é contudo aquela Fraternidade: é ainda uma ordem, embora uma Ordem Fraterna, ao passo que a Fraternidade não é uma ordem.Fernando Pessoa e a Filosofia Hermética - Fragmentos do espólio . Fernando Pessoa. (Introdução e organização de Yvette K. Centeno.) Lisboa: Presença, 1985. - 47.
. . .

*O autor focaliza e destaca que é Pagão, enquanto aquele que vive entre outros como ele tal como mais um filho dos mistérios da terra e do céu; embora prefira destacar que aquilo que nomeia como paganismo ou politeísmo se enquadre melhor como um monismo qualificado.

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