segunda-feira, 9 de abril de 2012

Stadhagaldr:Desenhando com o corpo o espaço sagrado


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Os Mistérios Rúnicos, alfabetos de poder, posturas, mantras e Vampyros!Parte 1
Um texto de Lord A:.

“Não existem povos, por mais primitivos que sejam, sem religião e magia. Assim como não existem, diga-se de passagem, quaisquer raças selvagens que não possuam atitude científica ou ciência, embora esta falha lhes seja freqüentemente imputada” Magia, ciência e religião, 1988:19


Tudo começou com as "Runas".Um repertório de símbolos de poder,um alfabeto conhecido como Futhark (ou Uthark em algumas variações controversas presentes no meio ocultista tornadas mundialmente conhecida pelas músicas da Banda Therion) utilizado para a escrita mas de forma "não-acessível" a todos habitantes do norte da Europa.A palavra "Runa" quer dizer "sussurro" e refere-se as inspirações que estes sussuros trazem a cada um em suas práticas que vão bem além dos exercícios oráculares.Para finalidades introdutórias e básais sobre o que é e ao que se destinam as "Runas", deixo as palavras da sábia Mirela Faur em sua obra Mistérios Nórdicos:"(...)As runas representam imagens e símbolos arquetípicos que atuam como uma linguagem sutil entre os vários aspectos do ser.Elas despertam o potencial latente da percepção intuitiva e alinham o buscador com um fluxo de energia mágica e espiritual(...)"

Alfabetos de poder e suas representações gráficas e fonéticas das essências contídas em cada pequeno universo em cada símbolo e seu respectivo impulso dinâmico ou "daemônico" não são uma novidade para nossas leitoras e leitores.Quando o simbolo floresce, ele é representado pela sonorização e forma gráfica e numa explosão de êxtase ele se realiza sózinho ou em conjunto com outros símbolos de um alfabeto de poder.Tais runas, sigilos ou simbolos e as inspirações e correspondências que sucitam nas profundezas da mente compõem o processo do "despertar" na Cosmovisão Vampyrica ao longo da jornada pessoal e coletiva pelas datas de poder de nossos Strighezzos.O ocultista e magista inglês Austin Osman Spare, em sua obra "Anotações sobre letras sagradas" pontuava que:"(...)"as letras sagradas preservam a crença do Ego, de modo que a crença retorne contìnuamente ao subconsciente até romper a resistência. Seu significado escapa à razão, embora seja compreendido pela emoção. Cada letra, em seu aspecto pictórico, se relaciona a um princípio Sexual... Vinte e duas letras que correspondem a uma causa primeira. Cada uma delas análoga a uma idéia de desejo, formando uma cosmogonia simbólica.(...)" por sua vez o próprio Spare foi autor do "Alfabeto do Desejo", onde cada letra representa um princípio sexual, um impulso dinâmico) foi desenvolvido por Spare para sonorizar gràficamente estes atavismos e, quando o florescimento do símbolo acontece, a explosão de êxtase é a realização de Zos.Certamente recordáriamos outro grande ocultista inglês Aleister Crowley em seu "Magic Without Tears" explanando sobre com realizava magia e alterava a realidade publicando uma obra literária ou um livro - a expressão da sua "vontade" naquele momento.

Lá pelos anos de 2005 e 2006 tive a oportunidade de explorar e conhecer alguns repertórios relacionados ao que chamamos aqui de "alfabetos" de poder.Não posso mentir que houve um fascínio inicial pelos deslumbres e rompantes de Chaos Magick superficialmente apresentados por alguns "vamps" norte-americanos surgidos no começo do ano 2000.Assim como pelo chamado chamado  alfabeto "elorathiano" presente naqueles tempos da cosmovisão vampyrica. Quando aprofundei o estudo, o líder naquele tempo de uma famosa "ordo" internacional da qual fui colaborador público por alguns anos, me propôs para "redesenhar" e "re-escrever" o tal alfabeto iniciático para a "ordo" não sofrer processo de direitos autorais do designer original que havia rompido com eles e se integrado a um outro grupo.Para minha decepção também notei que os traços vetorizados deste alfabeto eram feitos com "carimbos" standards de coreldraw ou photoshop...Eu considerei isto o fim da picada!E daí em diante escolhí que esta via de práticas com alfabetos de poder deveria ser baseada em algo mais tradicional e fundamentado.Foi a primeira das muitas falhas que me levaram a se afastar gradativamente da tal "Ordo".Mais ou menos na mesma época tive acesso aos conteúdos da linguagem mágicka "Enochiana" e uma antiga conexão do passado me trouxe de volta ás runas.Abrí mão dos "pós-modernismos" e focalizei a tradição.Foi uma escolha bem acertada, quando olho hoje para trás no tempo.Para o futuro prometo um texto sobre as vivências com o Enochiano.De agora em diante focalizarei as Runas e a Stadahagaldr.

Algumas pessoas podem indagar se há alguma estranha relação entre a palavra russa "Uppyr" (que designa "pagão" e não exatamente o sangue-suga da produção cultural que estamos mais acostumados - e que vêm a ser a origem do "Vampyr" e suas variações posteriores) e o termo nórdico "Öpir" que designava uivador, gritador ou um estranho nome próprio de um criador de pedras rúnicas do século IX ou X que viveu em ambas as regiões citadas de forma superficial neste parágrafo.Esta questão pode ser ampliada neste link da Cronologia Vamp e certamente em muitos outros artigos cujo os trechos estarão indicados lá!Ou então assistirem este video!

Já o "Stadhagaldr" (Stadha significa "Posturas" & Galdr quer dizer "Mantras" sob os augúrios de uma livre tradução) teve seu início com o trabalho de acessar e focalizar os fluxos de poder da terra e da atmosfera e foi desenvolvido pelos mestres rúnicos F.B Marby, S.A. Krummer e Karl Spiesberger no século XX.Acredita-se que nos tempos antigos algumas (ou talvez todas) estas posturas servissem como uma forma de comunicação gestual a distância, provavelmente utilizada durante guerras.Até o presente momento podemos apenas falar daquilo que vivênciamos e nós do Círculo Strigoi podemos atestar que tais posturas e mantras tem grande poder bioenergético - comparável ao que outras pessoas encontram em práticas adjetivamente semelhantes como na yoga (embora não sejam equivalentes de nenhuma forma).Bem como os "Aettir" Rúnicos não equivalem a "AEthyrs" Enochianos em linhas gerais.

Para os noruegueses a palavra "Galdr" era equivalente á "magia e também era a mesma que designava "som" e "encantamento mágico" descendia do verbo "gala" que descrevia o "grito-do-corvo".Cada letra do alfabeto rúnico consistia de um "som" ou mantra específico que representava a essência da runa em questão em vibração sonora.Pense em cada uma delas como uma tocha que ilumina e desvela a escuridão de cada aspecto de sí e além de sí que deseje desvelar com respeito, honestidade, lealdade, prudência, sabedoria e gratidão.E uma pronúncia apropriada e respeitósa com a dicção suéca ou norueguesa é um desafio e um estímulo para ser sustentado, bem como o tom músical correto para cada Runa.

A questão de posturas bioenergéticas que permitem a ativação, desativação, sustentação, banimento e outras possibilidades não constituem uma novidade de nenhum tipo.Todo mito não pode ser desvinculado de seu rito, logo a dança ou tais posturas retratam seus mitos e parte de seus fundamentos principais - através dos dramas que são desenhados no ambiente e no próprio ecossistema ou natureza circundante.Talvez o mais conhecido na magia cerimonial temos o rito do banimento do pentagrama menor e maior com suas posturas, dança e mantras específicos.Se delinearmos os meandros do xamanismo ou mesmo do budismo tibetano e até do candomblé brasileiro encontraremos posturas e sabedorias corporais equivalentes.Em termos clássicos de magia encontramos o chamado "posismo" de Pascal Bervely Randolph, mentor mágico de Abrahan Lincoln (inspirado nos antigos Ansariehs do oriente médio) com suas poses corporais específicas que destinavam e encomendavam que o rito fosse levado a cabo para a conclusão de suas finalidades.

As práticas de Stadhagaldr tem sido focalizadas e conduzidas
com bons resultados tanto no evento Encontro do Tarô dos
Vampiros quanto nos ritos velados do Círculo Strigoi
 O movimento é constituído pelo sequenciamento de diversos gestos, bem como a coreografia de uma dança é a melhor representação do Zoé (a indestrutível e impessoal força da vida ou "Sangue") ou quem sabe do "Önd" seu equivalente nórdico.Na arte da coreografia temos a composição estética dos movimentos corporais, sua origem é a de apresentar idéias ou sentimentos de uma narrativa através de movimentos corporais expressivos do nível ritualístico ao cênico.Desenhar o espaço com movimentos corporais, traçar e vivênciar as misteriósas runas e seus mistérios com o próprio corpo em infinitos círculos dentro de círculos.Talvez seja o objetivo a que se destine que caracterize o que seja a dança venusiana e o que seja arte marcial de marte.
Por definição encontramos que:"(...)Artes marciais são disciplinas físicas e mentais codificadas em diferentes graus, que tem como objetivo um alto desenvolvimento de seus praticantes para que possam defender-se ou submeter o adversário mediante diversas técnicas.(...)" e que "(...)as artes marciais são disciplinas com um passado guerreiro, estilos de combate influenciados pelas peculiaridades de seu regramento desportivo, com armas ou sem elas, que também são uma completa expressão do ser humano (por isso que é uma arte) com todas as suas particularidades, concebidas pela experiência e a inteligência dos melhores desportistas e guerreiros e não necessariamente de maneira sistemática ou científica.(...)"Nestes casos temos o "Stav" que  integra um sistema de arte marcial e auto-aprimoramento baseado nos Stadha ou posturas rúnicas.Certamente ao observador atento uma prática de Stadhagaldr há de lembrar o Tai Chi Chuan, embora seja mais correto dizermos que uma coreografia ou sequência de Stadhas componham um Stödhur - e recomendamos que seja conduzido de forma harmoniosa - ainda que por vezes as margens de vênus e marte sejam tão próximas...

Naturalmente os praticantes de yoga irão informar que tais posturas ou metodologia presentes no Stadhagaldrar - por vezes descrito como yoga rúnica por comodidade ou referência adjetiva não conduzem ao "Samadhi" - logo não convêm serem chamadas de yoga.Sabemos que os Vikings e Varrengues descendem das últimas hordas dos indo-europeus.Os indo-europeus invadiram a Índia e exterminaram o povo dos Drávidas que habitavam o Vale do Indu (atualmente no Paquistão) terra natal do Deus Shiva o criador mitológico da Yoga e de suas Assanas (posturas bioenergéticas de poder).Ainda assim não temos recursos ou fontes no momento que possam endorsarem se os Indo-Europeus tomaram para sí as práticas da yoga dos Drávidas e levaram consigo para outros lugares - ou se eles mesmos possuíam uma prática similar.Tais respostas pertencem ao mistério e talvez ao subjetivo de cada um.Independentemente do tempo, do reino ou da tribo sabemos que a eficiência de uma prática denominada de magia por mera formalidade, é proporcional ao esforço, emoção, sacríficio e fé investidos na preparação e execução da respectiva prática.

STADHAGALDR & COSMOVISÃO VAMPYRICA:

Imagem registrada de um Encontro e rito Semi-público do
treinamento "Introdução ao Vampyrismo" do Circulo
Strigoi em Halo Antares.
A inspiração dos ventos nórdicos chegaram ao Círculo Strigoi por volta do ano de 2007 e tornaram-se uma prática velada e discreta focalizada diretamente sobre as "Stadhagaldrar" e as sutilezas que sua prática traziam ás experiências e jornadas extáticas.Originalmente buscávamos um canal mais refinado para a obtenção de inspirações dos antigos territórios de Novgorod ao norte da Rússia, que havia sido colonizada por reis da suécia antes do século X e onde o termo Uppyr era largamente utilizado como forma depreciativa para designar não-católicos, pagãos, guildas de profissões marginalizadas  e ritos baseados em processo extático - leia mais aqui.Os primeiros resultados rapidamente nos arrancaram de estereótipos e nos ofereceram "insights" potentes que arremesaram nossas percepções sobre a espiritualidade nórdica a uma visão bastante aprofundada - que foi expandida com pesquisa histórica.O princípio da ressonância das idéias que citei ao longo deste parágrafo se demonstrou válidado naquele momento e atualmente consolidado em nossas práticas.

Justamente por desprezarmos idéias e pessoas que tentem restringir a prática da cosmovisão vampyrica a mera drenagem, manipulação ou parasitismo.Podemos afirmar com tranquilidade que as vivências experimentadas alíadas a de uma potente tradição arcáica foram revígorantes e baníram de uma vez por todas qualquer associação superficial dos aspectos "perjorativos" como os expressos no começo deste parágrafo - de nosso campo-de-visão.O acolhimento e o bem-estar proporcionados conjuntamente as forças rúnicas ainda nos permitiram peculiares e intrigantes observações de fenômenos particularmente únicos e inesperados sobre os quais reservaremos os relatos apenas a nosso círculo interno e aos presentes.Ainda assim compartilhamos um deles que pode ser conferído no texto de estréia deste Blog sobre Cosmovisão Vampyrica.Provavelmente tecnólogos, antropólogos e filósofos modernos falhariam e não conseguiriam descrever apropriadamente a intensidade e as ocorrências vivênciadas pelos participantes destes ritos.Notamos que temos mais a ver com os antigos ritos extáticos do que com fantasias românticas e insanidades pós-modernas de pessoas carentes e desnorteadas que apenas se travestem de "vamps" para recobrirem meras carências e fachadas...os tais "asarais" por assim dizer, tantos jogos de palavras e nenhuma vivência prática...
Nos anos posteriores tivemos a participação regular da pesquisadora e runóloga "BansheeSpirit" que atualmente ocupa seu merecído lugar na infantaria do Círculo, que colaborou na inspiração e fornecimento de material tradicional sobre o tema do Stadhagaldr e das runas para que a prática fosse potencializada.Ainda assim tais artes permaneceram fermentando e se enraízando discrétamente - ou quem sabe aflorando - em nossa ethos.No ano de 2011 as práticas de "Stadhagaldrr" foram assumídas publicamente e se tornaram integradas aos ritos preparatórios de nossos cerimôniais.E atualmente são partes integrantes dos nossos encontros e atividades abertas tais como os encontros do "Tarô dos VampiroS" ou ainda no caso de vivências públicas como a de maio de 2012 em Paranapiacaba.Tantas ferramentas e armas para expansão da consciência...

Segundo a obra "Fichas de Stadhagaldr, de Pablo Runa" podemos delinear que as runas de formas assimétricas lídam bastante com as formas exteriorizadas e com as ramificações mais distantes do centro.Já as runas de formas simétricas versam sobre uma conexão e integração da consciência e do corpo.Já as runas de formas troncais expressam agregação e desagregação nas encruzilhadas e encontros de questões interiores de nossas percepções e sensações sobre as regras, condições e atuações em um nível transcendente.

A "Stadhagaldrar" permite uma boa integração da realidade subjetiva e objetiva de cada praticante - unindo visualização á sonoridade e manutenção de posturas específicas - o que potencializa: Controle do corpo através de postura (Stadha);controle do pensamento através da canção(Galdr);controle da respiração;controle emocional e afetivo; ampliação da sensibilidade para com o "não-modelado"; ampliação das vivências oníricas e de dreamwalking; focalização e direcionamento da "Vontade" ou Dharmakaia - ambas são equivalentes em nossas práticas.Outro ponto de mérito é a possibilidade da transmissão e do encontro com as influências e a força vínda dos valores honrados pela ancestralidade nórdica e sua curiósa ligação com a utilização da palavra "Uppyr" e dos antigos ritos extáticos do norte-da rússia e das influências varrengues através do mediterrâneo e do leste-europeu.Embora o processo extático seja um fator decisivo se ele não é sustentado pela tradição e revigorado pela arcaização - torna-se difícil acessar apropriadamente a realidade não-ordinária."Abra as runas e que os deuses do teu coração desvelem o caminho..."

FONTES CONSULTADAS:
- Mistérios Nórdicos, Mirela Faur, Ed.Pensamento.
- Diversos trechos das obras de Edred Thorsson, reúnidos ao longo dos anos;
- Rituais de Aleister Crowley, Marcos Torrigo, Ed.Madras;
- Fichas de Stadhagaldr, de Pablo Runa, Ed.Desconhecida.
- Blog Templo das Runas
- Apostila sobre Galdr e Sons Rúnicos
- Canal do Youtube sobre Posturas rúnicas, mantras e auto-defesa

* O Livro "Mistérios Nórdicos" de Mirela Faur, inclusive pode ser consultado no Google Books!

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